sábado, 30 de agosto de 2008

Sweet Dreams

Acordei hoje bem mais cedo que o convencional: 6:40, desde o fim das férias, têm sido uma ambição distante, e quando olhei o relógio, quase disse a mim mesmo " I can't believe I did it! ", mas como poderia soar muito existencial, preferi deixar quieto, mantendo meu orgulho por ser uma pessoa assim, tão bem disposta.

Mas enfim, como não havia muita perspectiva para a manhã fiquei na frente do computador, fazendo download de todos os episódios de Pushing Daisies que eu pude aguentar ver. Na verdade nem mesmo conseguir ver todos, vai dando um certo horário, começo a me tornar uma pessoa solicitada no messenger.

As grandes missões do dia 30 eram essas:

1 arrumar material da facul;
2 arrumar o quarto e a mala de segunda;
3 Fazer a barba, e ficar bem bonitinho pra poder sair hoje à noite.

Pois é, vamos aos fatos:

1 Pendente, em partes, há pouca coisa a ser feita, mas eu não deveria ter deixado de lado.

2 Feito, as coisas estavam muito bagunçadas, e se eu não tomasse uma providencia logo, aquela quantidade imensa de papel ia me engolir;

3 Pendente, ainda. Depois de cerca de duas semanas cultivando esse gramado negro, um pouco esparso, que cresce no meu rosto, peguei um certo carinho pela coisa, e acho que vou fazer algum desenho ao invés de descartá-lo de uma vez...visual D.Pedro? Maybe.

Bom, o fato é que eu vim aqui, pra mais uma vez, desabafar todas as possíveis merdas ocorridas essa semana, já que eu tenho um íma imenso pra perrengue.
Tive enxaqueca todos os dias da semana, nada de muito dramático, mas o suficiente para me fazer parecer agente funerário no telefone da empresa.

Além disso, umas pendengas do passado, que fizeram questão de me perseguir dois dias quase seguidos da semana, me fizeram ter surtos nervosos a ponto de vistoriar todas as salas do edifício onde estudo, e acreditem, isso é algo que eu conto sem um pingo de orgulho.

Fora iso, deixe-me ver, devo confessar um defeito muito grande meu: EU SEMPRE CAIO DUAS VEZES, pode ser o conto do vigário, ou a pegadinha do Faustão, or any fucking whatever.

Pronto, desabafei.

E na segunda queda, eu sempre acredito mais que na primeira, enfim, é algo que sou obrigado a chamar de otimismo.

E hoje, dia 30, ele parece inútil.

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Silence is Easy

Faz dias que estou adiando para escrever qualquer coisa aqui, e nããão, senhoras e senhores, não tem nada a ver com procrastinação ou vagabundagem...pra falar bem a verdade meus dedos estavam coçando, e é bem esse o problema.

Exitem determinadas fases da nossa vida em que tudo que se diz, ou pelo menos tenta se comunicar, é extremamente subjetivo e verborrágico....e eu, como bom e piedoso escritor (hoje) queria evitar um post que chorasse qualquer tipo de pitanga, porque, Senhor do meu céu, como é chato quando uma pessoa foca nos próprios sentimentos pra escrever pra um público (que eu almejo....hehe).

Outro motivo que fundamenta bem minha aversão aos posts subjetivos é esse:
As pessoas que escrevem pensam demais, e às vezes tenho a impressão de que se me preocupar mais um pouco, refletir mais um pouco, sobre o que quer que seja, vou cruzar facinho a linha da sanidade mental, andei bem perto dela ultimamente.

Vamos combinar que de gente maluca postando idiotices na web, como "Leave Britney Alooooone", ou aquela menininha idiota no video do Youtube que fica mais de 3 (intermináveis) minutos olhando pra câmera com cara de que vai fazer algo e não faz porra nenhuma já tem aos montes.

Além de todas essas porcarias, temos também a minha já conhecida e documentada frustração ao abrir minha caixa de entrada e encontrar um zilhão daquelas @!#% de emails de spam enviados pelos meus amigos. Dias atrás, seguindo os conselhos da minha cunhadinha querida, fui bem mais diplomático ao pedir à minha amiga que tirasse meu nome do mailing de porcarias dela. Resolveu. Por uma semana e meia.

Pode ser meu mau humor, mas acho que o mundo tá precisando mesmo de um vá pra puta que te pariu hoje. Mas isso é uma opinião minha, né? E isso, crianças, é o que chamo de post subjetivo.




Obedece a tia aí acima, ou ela te come vivo.


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domingo, 17 de agosto de 2008

Existe a necessidade de sair um post

O que não existe é a chance de que eu consiga escrever algo coerente às 3:58 da manhã.

Tentamos amanhã, ok?

sábado, 9 de agosto de 2008

Desde esse dia....

Era ainda bem cedo quando ela começara a sentir pontadas no abdome. Curvou-se na cama, suspirando de maneira sôfrega, mas conformada. Já havia passado por isso duas vezes antes, e estava certa de que aquele revertério que sentia nada tinha a ver com a grande quantidade de limão consumido nos últimos nove meses.

Ninguém de fato consegue prever com precisão um momento desses, e como se sabe, sempre existe um bom tumulto ao carregar tudo o que é necessário para o hospital. Além de encher a mala com tudo o que fosse necessário, coube também a ela avisar ao marido, e aos dois filhos mais novos.

As crianças foram deixadas com a cunhada, enquanto o casal se apressava em chegar ao hospital. A partir de lá, e com o efeito de algum tipo de medicina, a vontade de praguejar de dor foi diminuindo, até que de repente, ela conseguia apenas ver as luzes no teto, e algumas vozes distantes. Há um ano e um mês atrás ela havia experimentado essa mesma sensação. Nada de realmente novo estava para acontecer.

Por volta das nove da manhã, não tinha nada que remediasse nem o signo de leão, nem o ascendente em virgem nascido naquele dia.

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A cortina verde sempre foi um sonho recorrente. Do berço, ou cama, em uma idade onde não tinha discernimento o suficiente entre os dois, contemplava aquele tecido que
balançava suavemente ao sabor do pouco vento que entrava pela janela da sala.

Era verde, em várias tonalidades, e, acredito eu, havia um pouco de marrom, e todo aquele jogo da coloração, simulava uma floresta. Havia um pequeno furo no campo que minha visão alcançava, e dependendo do ângulo pelo qual o via , aparecia um pouco de luz externa.

O primeiro registro consciente: A cortina. Verde. Hoje sabe-se muito pouco sobre ela.

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Ela fazia pães e bolos maravilhosos. E festinhas também. Suspeito que até hoje a mão para cozinha e artesanato continue tão boa quanto antes, mas na época, como forma de ajudar a vizinhança e distrair-se da insanidade de ser mãe de 3 crianças de idades tão aproximadas, havia sempre uma atividade nova a se dedicar: De rosquinhas amanteigadas a paçoca, de crochet a contabilidade da casa.

Claro que nem sempre tudo dava certo. Principalmente quando as crianças decidiam pular na cama onde a massa de pão repousava e crescia. Tranqüila? Não por muito tempo.

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Ele foi o primeiro desse casamento, e provavelmente a criança mais esperada para o casal:
Para ela, a aterradora experiência da primeira gravidez, tão precoce quanto inesperada, para ele, o primeiro filho menino. Teve, desde que me tomo por gente, um ar bem altivo, e certamente foi a criança mais prodígio das três.
Praticante de esportes, bem socializada, muito independente, irônica, sim... de uma ironia que sempre me inflamava até os ossos, e saldo de nossas brigas nunca era muito bom: machucados nas costas, nos braços, e brinquedos quebrados.

Ele mudou tanto, eu mudei tanto. Ainda sim, resta uma fagulha naqueles olhos de quem vai pular da cama às 6 pra ir jogar vôlei.

Ah, e a ironia, sempre.

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Há sempre muito a ser dito sobre o comportamento das pessoas mais espertas, mas muito pouco sobre suas realizações. O segundo era assim, incrível.
Desde pequeno, seu gênio forte impressionava, e por vezes era motivo de aborrecimento para os pais:
”Esquerda? Direita? Decida!
Frente!”- dizia ele.
Ainda hoje:
“Esquerda? Direita? Decida!
Frente!” – diz ele.

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Você levava a gente pra andar de bicicleta na Praça, ou fazia a gente andar bem mais, coisa que eu, gordo, odiava.
Você tirava fotos da gente em situações embaraçosas.
Você chegava sempre muito tarde quando eu era pequeno.
A gente nunca conversou tanto.
Você sempre comemorou teu dia junto com o meu, apesar de ser geminiano.
Também sabe me chantagear emocionalmente, coisa que eu odeio.
Te amo, ainda sim.

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Lembro também dos CDS da Celine, que não vieram comigo. Lembro das gírias que inventava. Lembro do caderno que eu construí com folhas soltas e barbante. Lembro de ser passado pra trás algumas vezes.Lembro das novelas na casa da minha tia, na época em que comíamos queijo derretido no microondas e tomávamos licor (não espalha) de vários sabores. Lembro dos videokês na Yakult.Lembro da minha surpresa aos 11 anos com festa surpresa. Lembro do fracasso da festa de 14. Lembro das compras de Natal. Lembro de ir pra Cidade Jardim de Bicicleta. Lembro de coreografar Ivete Sangalo (não espalha). Lembro de ser confuso. Lembro de querer me esconder. Lembro do teatro da escola e da Aline no piano, tocando “My heart will go on”. Lembro do apartamento da Gi, e de me perguntar tantas e tantas vezes se eu morreria se pulasse da sacada em direção à piscina. Lembro da conjuntivite de Julho passado. Lembro da Microcamp, da Silvia, do Vini e da Pam.

Lembro de ter, poucas vezes, me perguntado se tudo isso ia acabar.

Lembro de tudo isso, desde Nove de Agosto de 1987, mas não me lembro dos Smurfs.

A partir de agora, esse é meu revéillon.



E o que tá pra frente continua vazio. Acho melhor olhar pra isso agora.

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Eu nunca liguei muita importância à velocidade com que meus dias passavam quando era menor, tudo parecia tão perfeito e encaixado na minha rotina de criança serelepe em idade escolar que hoje eu consegui sentir uma leve saudade.

Eu estudei boa parte da minha vida, a maior parte dela, por sinal, no período da manhã.
Era divertido acordar às 6 da manhã, mesmo quando estava frio e o cobertor aconchegante.
Eu pulava da cama, e quando não pulava, minha mãe vinha sempre com uma brincadeira nova pra nos ajudar, a mim e a meus irmãos, a levantar...percebemos que já estávamos mocinhos quando ela vinha com o spray de água, ou não chamava, mas tudo bem, era legal.

Após isso, vinha toda a rotina de se arrumar pra ir pro território do saber. O café, que era um dos poucos momentos em que a gente se reunia pra falar à toa, e toda a baderna de divisão de banheiro. Depois da farra pra acordar e depois do café, eu sempre me pegava cantando com a escova de dentes na frente do espelho, o que era, é claro, a maior das aberturas pro primeiro esporro do dia, geralmente vindo do meu irmão mais velho.

Após isso, íamos todos juntos pra escola, e quando chegava lá, cada um para o seu canto.
Um detalhe engraçado foi ter estudado dois anos com meu irmão mais velho, no colegial, mesmo tendo o mesmo sangue, e praticamente os mesmos amigos, andávamos separados boa parte do tempo. Acho que isso prova aquela história de que amigos são os irmãos que a gente escolhe.

Nos primeiros anos de escola, eu tive muita dificuldade para fazer amizades, não era uma criança muito sociável, tanto que há pouco tempo atrás disse a um amigo que "criança gora e chata" resumia bem minha infância, mas sou obrigado a admitir que nem era tão assim. Sempre tínhamos com quem brincar ou conversar, mesmo que fosse os irmãos mais velhos ou minha tia, ah, é verdade, esqueci de mencionar que ela trabalhava na escola. Era divertido ter um Big Brother assim,
vigiando a gente, exceto quando minha mãe ameaçou cortar o dedo do meio do meu irmão, porque ele fez aquele gesto "descolado" pra nossa querida parente, no intervalo das aulas.

A partir da quinta, sexta série foi que meu círculo de amizades ficou mais interessante.
As crianças todas eram wannabe de alguma coisa: elas queriam ser populares, roqueiras, algumas ouviam Gala, e Aqua, e outras delas pensavam em oh, encontros, oh, namoros, oh, paqueras.
Eu gostava de ver como os grupinhos de amigos se formavam, sempre usando o mesmo argumento do "somos legais", e tbm adorava ver esses grupinhos se desfazerem por, digamos, besteira, porque afinal de contas, pré adolescentes são criaturinhas bem pentelhas e inconstantes.

O mundo escolar era bem estranho, as pessoas pareciam descontroladas e envolvidas demais com seus "dilemas internos" e eu esperava um dia sair dali sem medo de ser feliz no mundo normal dos adultos, porque não tinha paciência para aquilo tudo.

Eis que hoje, 4 anos depois da minha formatura, que foi uma noite bem clichê pra uma escola estadual brasileira, eu estou aqui, no mundo dos adultos: maior, mais estranho e com criaturas tão pentelhas e inconstantes como as d'antes.
Dá saudade de ser pentelho. Ô se dá.

Acho que hoje ngm mais se estapeia pra se olhar no espelho lá em casa. Mas ainda dou uma coça no fdp que entra no banho antes de mim aqui na república.

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