domingo, 28 de setembro de 2008

It repeats every year

Setembro quase no fim...ainda estou me perguntando se corro o risco de causar mais algum estrago, mas acho que já fiz o suficiente:

- Demiti um dos alunos da minha agência;

- Tive crise gástrica;

- Magoei pessoas;

- Rolei a escada;

- Quebrei uma faca e cortei os dedos (superficialmente, antes que vcs me chamem de urucubaca ambulante);

- tive crise existencial;

- tive crise de cu mesmo, e daí?;

O corte nos dedos aconteceu hoje. Tinha uma faca torta na cozinha, e eu, discordando da sábia mãe natureza que fez aquilo com o instrumento, me meti à besta a endireitar....daí já viu a desgraceira...

Bom, o mês tá acabando, e to repetindo isso desde as 6 da manhã..mentira: desde sexta, tamanha minha ansiedade de que alguém me diga que tudo bem se eu surto, que tudo bem que eu faço as coisas do meu jeito, enlouqueço todo mundo, manipulo uma metadezinha dele e etc e tal, e que tudo bem, porque dá pra me amar da mesma forma.

Acho que vou me decepcionar no primeiro de Outubro, quando vir que sim, setembro deixou estragão pra eu limpar, e que sim, não haverá ninguém pra me dizer o que eu quero ouvir.....a não ser que eu me antecipe e compre um gravador....ouvi dizer milagres sobre mensagens durante o sono.



Repita comigo: Must leave cookies! Must leave cookies!

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Síndrome de Setembro

Ser alguém na vida é mais ou menos como adotar uma posição sexual, mais cedo ou mais tarde, seja por enjôo, curiosidade ou pressão da platéia, você vai acabar tentando diferente, o que pode melhorar, ou, provavelmente, piorar a situação em que se encontra. É assim que ando me sentindo ultimamente, nesse setembro que estou chamando carinhosamente de "minha fase filha-da-puta".

Em dias normais, o Bruno deixa até pras formiguinhas simpáticas que carregam folha uma segunda chance de vida. Na fase filha-da-puta, ele rouba a folha, e não satisfeito, a devolve, esmagando o pobre bichinho de Deus. Isso senhoras e senhores, não se resume ao controle involuntário da natureza, nem à incapacidade de lidar com coisas pequenas e delicadas por causa do meu tamanho, faço de vadiagem mesmo.

Em dias comuns, o Bruno responde todos os "bons dias" possíveis, duas vezes, e as pessoas riem com ele. Na fase filha-da-puta, ele mal atende o telefone, surta porque ninguém puxa a linha, e os outros riem, dele.

Em dias do dia-a-dia, o Bruno se faz de bobo, se faz de burro, se faz de cegosurdomudo, pra não jogar lenha na fogueira, pra não aborrecer ninguém e deixar as pessoas serem master felizes do jeito que master são. Na fase filha-da-puta, ele pergunta a elas, com o ar mais sincero e poderado possível, como elas conseguiram coabitar consigo mesmas durante a vida toda.

Habitualmente, o Bruno gosta de tornar o ambiente mais agradável. Na fase filha-da-puta, as coisas parecem circular pelos roteiros de Twister e O Violino Vermelho em questão de segundos.

Os últimos dias foram realmente uma avalanche de problemas pessoais, que eu sempre procuro alguma ponta pra poder desabafar, achando que dividir a porra do problema vai me trazer alguma solução.

Talvez o melhor seja mesmo esperar que esse mês passe, e que no dia 30 eu consiga ter mantido alguém que ainda goste de mim vivo ao meu lado, porque do jeito que eu ando, é bem conveniente deixar marcado o número da ambulância, e o da polícia por perto. Taí, uma boa idéia pra minha tatuagem.



"É melhor sair daqui."


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domingo, 7 de setembro de 2008

Dor de Cotovelo

Eu ontem rolei uma escada. Verdade, no duro, foi uma sensação incrível.

Estava eu descendo do quarto que chamei de meu durante dois meses enquanto meu semi-morto roomie não voltava de viagem. Tinha uma toalha nos meus ombros e o peito desnudo (ui), de um jeito que jamais ando vestido aqui nessa casa.

Tem um degrau que range feito uma velha rabugenta, suspeito que seja o terceiro ou quarto, porque sempre que eu paro de praguejar por causa do barulho já estou no quinto, e nunca me lembro quantos subi nesse pequeno acesso de raiva fútil.

O fato é que a velha rabugenta que me leva pro quarto todo dia teve sua merecida vingança contra mim ontem. Ao pisar nela (terceiro ou quarto? grrr...) fiz o favor de escorregar e patinar, e ter frente aos meus olhos aquele filme-da-vida-em-segundos que todo mundo diz ver um pouco antes de bater as botas.

Bom, em pouco tempo estava eu, espalhado pelos últimos degraus da escada, e se nós não levássemos em consideração meu braço ralado, e o corte no cotovelo, ia até parecer que eu tinha me sentado lá confortavelmente, ao invés de ter quase fechado expediente nesse plano.

Cinco minutos depois, eu estava rindo de tudo isso. Sim, adoro debochar de algo mal feito, mesmo que seja o serviço da ilustríssima D. Morte.

Sei lá, acho que depois de umas duas semanas passando por problemas que eu achava que iam me matar, mesmo que eu conseguisse engavetá-los às 18:00, ou evitá-los, desligando o celular e o computador, fazia tempo que eu não me encontrava com uma chance real de me machucar, no sentido literal da palavra, e ficar com dor de cotovelo, também literal, e isso foi bom.

Sabe, a maior parte das pessoas está sempre envolvida com grandes temas em suas vidas, bom, menos os que moram comigo, que conseguem ser mais razos que pires.
A gente cava conflitos desnecessários, brigas com o vizinho por som alto, namoros insatisfatórios, vergonha - entenda recalque - de ser quem é em detrimento do que as pessoas consideram normal....
tudo isso defendendo pontos de vista com uma fé que poucos levam pra igreja.

Sim, eu sou uma dessas pessoas, e acho que tenho vergonha de me levar tão a sério,de fazer os meus comentários azedos-existencialistas-de-alto-impacto, e achar que eu tenho que construir coisas sólidas e certas, ter uma reputação, quando, na verdade, eu deveria estar bem mais preocupado em me deixar mais confortável, em me fazer feliz.

Eu já vinha sentindo algo parecido essa semana. Há alguns dias eu vinha me perguntando qual a razão maior pra eu causar tanto alvoroço, querer estudar em outra cidade, trabalhar, ter uma vida minha, um aluguel, como se tudo aquilo fosse pesado demais e fosse uma verdade que eu não tivesse escolhido.

Mas eu escolhi, e de repente me lembrar disso fez toda a diferença.

Morrer na escada não ia ser legal, eu nem mesmo imagino como minha morte seria divulgada, mas pensei algumas versões:

" Estudante vindo do interior, 21 recém completos, morte acidental, não deixa nada, a não ser quilos de papel, roupas, etc... ".

" Maluco depressivo se joga da escada em república ".

" Tentou diversas coisas na vida, se estivesse vivo, continuaria tentando ".

Acho que a terceira me agrada mais. E espero que ninguém precise de uma queda na escada pra descobrir o mesmo de si.



"Recomendo, só não se empolgue."

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