sexta-feira, 24 de novembro de 2006

balança, balança minha...

Depois que comecei a trabalhar pude me dar ao luxo de finalmente conseguir reparar em outros aspectos da vida, como assistir TV sem culpa ou olhar manchetes de revista em uma banca de jornal.
Em umas dessas, na última quarta-feira, passava por uma banca perto do metrô quando uma manchete me surpreendeu:
"Ana Caroline Reston: Tal peso, tal altura, tal idade - Morta por anorexia"

Eu poderia ter me calado, mas como a coceira opinativa é uma coisa que, depois de iniciada, é difícil parar, estou aqui analisando as coisas mais uma vez, e aquela manchete me veio à cabeça de uma outra forma:

"Ana Caroline Reston: Tal peso, tal altura, tal idade - Morta por ELA MESMA"

Não me entenda mal. Acho sim muito triste quando o fator morte ocorre à pesssoas tão novas, mas não consegui parar de pensar nisso um só minuto no caminho para casa. Ana Carolina foi sim uma vítima, mas estava consciente de que estava entrando na ditadura da beleza que vêm se impondo nos últimos tempos.
Modelos como ela saem de agências às bateladas, com um discursinho hipócrita sobre saúde e preferências alimentares, enquanto na verdade passam dias a fio em dietas semi-espartanas, procurando e almejando uma perfeição distorcida.
Embora esteja incutindo boa parte da culpa a essas garotas, devo dizer que acredito que elas não são somente as menos favorecidas com tal comportamento, mas também as menores culpadas.
O mundo da moda tornou-se um movimento quase tão arbitrário quanto o início do movimento impressionista. Quando você diz que essa ou aquela modelo é só pele e osso, estilistas te medem de cima a baixo e afirmam convictos que você é leigo, embora qualquer pessoa com um pingo de bom senso consiga distinguir uma beleza saudável do que é visto na maioria dos desfiles.
O que me entristece é que em um passado não muito distante as mulheres lutavam por mais espaço, independência, quase como uma libertação dos apertadíssimos espartilhos que usavam, e hoje, com essa procura alucinada pela adequação aos padrões, elas caberiam na tal vestimenta sem esforço algum.
Posso não ter sido muito claro ao expor a questão às atuais e futuras gerações do mundo da moda, mas a idéias que quero passsar é "NÃO ENTREM NESSA, SEJAM VOCÊS MESMAS".
Abram espaço para a personalidade e a atitude em meio a balança, as saladas, os livros de dieta e os Shakes milagrosos, mesmo porque o modelo de mulher submissa e perfeita já está meio batido e sem força quando se defronta com o mulherio encantadora e decididamente real.
Bom, se não for por isso, pensem na Ana Carolina, aposto que a publicidade não agradou muito, né?

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