sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Eu nunca liguei muita importância à velocidade com que meus dias passavam quando era menor, tudo parecia tão perfeito e encaixado na minha rotina de criança serelepe em idade escolar que hoje eu consegui sentir uma leve saudade.

Eu estudei boa parte da minha vida, a maior parte dela, por sinal, no período da manhã.
Era divertido acordar às 6 da manhã, mesmo quando estava frio e o cobertor aconchegante.
Eu pulava da cama, e quando não pulava, minha mãe vinha sempre com uma brincadeira nova pra nos ajudar, a mim e a meus irmãos, a levantar...percebemos que já estávamos mocinhos quando ela vinha com o spray de água, ou não chamava, mas tudo bem, era legal.

Após isso, vinha toda a rotina de se arrumar pra ir pro território do saber. O café, que era um dos poucos momentos em que a gente se reunia pra falar à toa, e toda a baderna de divisão de banheiro. Depois da farra pra acordar e depois do café, eu sempre me pegava cantando com a escova de dentes na frente do espelho, o que era, é claro, a maior das aberturas pro primeiro esporro do dia, geralmente vindo do meu irmão mais velho.

Após isso, íamos todos juntos pra escola, e quando chegava lá, cada um para o seu canto.
Um detalhe engraçado foi ter estudado dois anos com meu irmão mais velho, no colegial, mesmo tendo o mesmo sangue, e praticamente os mesmos amigos, andávamos separados boa parte do tempo. Acho que isso prova aquela história de que amigos são os irmãos que a gente escolhe.

Nos primeiros anos de escola, eu tive muita dificuldade para fazer amizades, não era uma criança muito sociável, tanto que há pouco tempo atrás disse a um amigo que "criança gora e chata" resumia bem minha infância, mas sou obrigado a admitir que nem era tão assim. Sempre tínhamos com quem brincar ou conversar, mesmo que fosse os irmãos mais velhos ou minha tia, ah, é verdade, esqueci de mencionar que ela trabalhava na escola. Era divertido ter um Big Brother assim,
vigiando a gente, exceto quando minha mãe ameaçou cortar o dedo do meio do meu irmão, porque ele fez aquele gesto "descolado" pra nossa querida parente, no intervalo das aulas.

A partir da quinta, sexta série foi que meu círculo de amizades ficou mais interessante.
As crianças todas eram wannabe de alguma coisa: elas queriam ser populares, roqueiras, algumas ouviam Gala, e Aqua, e outras delas pensavam em oh, encontros, oh, namoros, oh, paqueras.
Eu gostava de ver como os grupinhos de amigos se formavam, sempre usando o mesmo argumento do "somos legais", e tbm adorava ver esses grupinhos se desfazerem por, digamos, besteira, porque afinal de contas, pré adolescentes são criaturinhas bem pentelhas e inconstantes.

O mundo escolar era bem estranho, as pessoas pareciam descontroladas e envolvidas demais com seus "dilemas internos" e eu esperava um dia sair dali sem medo de ser feliz no mundo normal dos adultos, porque não tinha paciência para aquilo tudo.

Eis que hoje, 4 anos depois da minha formatura, que foi uma noite bem clichê pra uma escola estadual brasileira, eu estou aqui, no mundo dos adultos: maior, mais estranho e com criaturas tão pentelhas e inconstantes como as d'antes.
Dá saudade de ser pentelho. Ô se dá.

Acho que hoje ngm mais se estapeia pra se olhar no espelho lá em casa. Mas ainda dou uma coça no fdp que entra no banho antes de mim aqui na república.

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1 Comentários:

Blogger Ludwig disse...

eu nunca tive essas brincadeiras. filho único - em parte, já que tenho meio-irmãos a dar com um pau - não tem essas brincadeiras divertidas que sempre se tornam brigas. :x

eu sinto falta da minha infância, também. não porque o tempo não voava como voa hoje, mas porque naquela época eu não via como as coisas são escrotas no mundo dos adultos. era mais fácil sonhar.

10:51 AM  

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