quinta-feira, 27 de março de 2008

Questão de Racionalidade

Desde que inventaram essa história de que o ser humano é o único animal racional existente as pessoas realmente tomaram isso como verdade e tem seguido isso quase como uma religião. Eu, como adoro questionar, apresento aqui meu contraponto. Minha pergunta é: até que ponto somos realmente racionais? E quando é que aquela pequena voz nos abandona para enfim nos tornarmos homem-bicho (em oposição ao bicho homem)?

Dias atrás estava eu em um dilema muito existencial: as prateleiras de supermercado.
Desde o começo do ano que estou tentando adotar uma vida nova e hábitos mais saudáveis, como me alimentar com coisas mais bonitinhas (entenda como bonitinha o oposto de miojo, biscoitos e sobremesas), para que um dia eu possa olhar pra baixo (não pra trás, pra baixo) ver minha bariguinha chapada e dizer “valeu à pena”.

Porém, voltando ao supermercado, naquele mesmo dia tive várias notícias bombásticas no trabalho, minha vida pessoal não estava lá essas coisas e eu já começava a sentir o peso do 4º semestre de faculdade. O nervosismo era inevitável. Corredor vai, corredor vem, chego na mais temida sessão de todas, a dos doces.

Foi ali que parei, digamos, deslumbrado com aquela enoooorme prateleira de biscoitos de toda sorte. Parei, pensei, peguei um pacote e ia em direção ao caixa. Mas como eu disse acima, alguém no mundo inventou a consciência, e a vendeu pra todo mundo a preço de banana, sem direito a devolução. Aliás, foi isso mesmo que eu vi: Bananas.

Parei novamente e pensei comigo: “ você vai jogar pro alto suas semanas de renúncia, sua força de vontade, e tudo e tal, por 130 gramas de mastigável transgênico, ou vai fazer sua persistência valer um pouco?” Saí da fila, devolvi o biscoito à prateleira e ia para a sessão de frutas do supermercado, até que de súbito me bateu de novo: “ ah, e daí? É só um biscoito! Você vai ficar renunciando as coisas e viver infeliz?” Dei meia volta e peguei novamente o pacote de biscoitos na prateleira, indo em direção ao caixa, contente e saltitante com toda minha rebeldia.

Já estava na fila de novo, com o meu pacote de tentações quando de novo a consciência apertou a campainha . . . não atendi . . .de novo . . . não atendi. . . mas como ela consegue, na maioria das vezes ser mais chata do que a vizinha pedindo sal ou o tiozinho que vende enciclopédia, eu mais uma vez atendi ao seu apelo. Fui novamente à prateleira, devolvi aquele embrulhosinho laminado com recheio de alguma coisa recheada com outra coisa e fui na direção das frutas de novo.

Quando finalmente fiz minha aproximação com as bananas, pedindo desculpas sinceras por quase ter “pulado a cerca”, empacotei duas delas e fui pro caixa, agora orgulhoso por ser um bom menino. Acho que é isso que as pessoas querem dizer com ser racional; que mesmo quando você quer uma coisa com todas as suas forças, ela pode não ser boa pra você, e daí você tem que saber a hora certa de parar.

É realmente uma pena que eu tenha deixado essa lição com os dois pacotes de biscoito que comi de ontem pra hoje: 130 gramas cada, horrores em calorias. Sejamos racionais, não há argumento que não seja derrubado, mais cedo ou mais tarde, pela pura vontade humana.



Senhor, salva a alma! porque o corpo......ai ai.





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