domingo, 7 de setembro de 2008

Dor de Cotovelo

Eu ontem rolei uma escada. Verdade, no duro, foi uma sensação incrível.

Estava eu descendo do quarto que chamei de meu durante dois meses enquanto meu semi-morto roomie não voltava de viagem. Tinha uma toalha nos meus ombros e o peito desnudo (ui), de um jeito que jamais ando vestido aqui nessa casa.

Tem um degrau que range feito uma velha rabugenta, suspeito que seja o terceiro ou quarto, porque sempre que eu paro de praguejar por causa do barulho já estou no quinto, e nunca me lembro quantos subi nesse pequeno acesso de raiva fútil.

O fato é que a velha rabugenta que me leva pro quarto todo dia teve sua merecida vingança contra mim ontem. Ao pisar nela (terceiro ou quarto? grrr...) fiz o favor de escorregar e patinar, e ter frente aos meus olhos aquele filme-da-vida-em-segundos que todo mundo diz ver um pouco antes de bater as botas.

Bom, em pouco tempo estava eu, espalhado pelos últimos degraus da escada, e se nós não levássemos em consideração meu braço ralado, e o corte no cotovelo, ia até parecer que eu tinha me sentado lá confortavelmente, ao invés de ter quase fechado expediente nesse plano.

Cinco minutos depois, eu estava rindo de tudo isso. Sim, adoro debochar de algo mal feito, mesmo que seja o serviço da ilustríssima D. Morte.

Sei lá, acho que depois de umas duas semanas passando por problemas que eu achava que iam me matar, mesmo que eu conseguisse engavetá-los às 18:00, ou evitá-los, desligando o celular e o computador, fazia tempo que eu não me encontrava com uma chance real de me machucar, no sentido literal da palavra, e ficar com dor de cotovelo, também literal, e isso foi bom.

Sabe, a maior parte das pessoas está sempre envolvida com grandes temas em suas vidas, bom, menos os que moram comigo, que conseguem ser mais razos que pires.
A gente cava conflitos desnecessários, brigas com o vizinho por som alto, namoros insatisfatórios, vergonha - entenda recalque - de ser quem é em detrimento do que as pessoas consideram normal....
tudo isso defendendo pontos de vista com uma fé que poucos levam pra igreja.

Sim, eu sou uma dessas pessoas, e acho que tenho vergonha de me levar tão a sério,de fazer os meus comentários azedos-existencialistas-de-alto-impacto, e achar que eu tenho que construir coisas sólidas e certas, ter uma reputação, quando, na verdade, eu deveria estar bem mais preocupado em me deixar mais confortável, em me fazer feliz.

Eu já vinha sentindo algo parecido essa semana. Há alguns dias eu vinha me perguntando qual a razão maior pra eu causar tanto alvoroço, querer estudar em outra cidade, trabalhar, ter uma vida minha, um aluguel, como se tudo aquilo fosse pesado demais e fosse uma verdade que eu não tivesse escolhido.

Mas eu escolhi, e de repente me lembrar disso fez toda a diferença.

Morrer na escada não ia ser legal, eu nem mesmo imagino como minha morte seria divulgada, mas pensei algumas versões:

" Estudante vindo do interior, 21 recém completos, morte acidental, não deixa nada, a não ser quilos de papel, roupas, etc... ".

" Maluco depressivo se joga da escada em república ".

" Tentou diversas coisas na vida, se estivesse vivo, continuaria tentando ".

Acho que a terceira me agrada mais. E espero que ninguém precise de uma queda na escada pra descobrir o mesmo de si.



"Recomendo, só não se empolgue."

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Olha, já disse que vc escreve bem??? Algumas centenas de xs, acho...mas enfim, vc é um dramático, cair do terceiro ou quarto degrau ia apenas te causar um dente quebrado no máximo rsrsrsrs..Mas vale pela reflexão, e pela dor de cotovelo, na minha teoria no pain no gain.
Amo-te

1:34 PM  

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